Four Plays of Gil Vicente - novelonlinefull.com
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[144] Cf. the story _del mancebo que caso con una mujer muy fuerte et muy brava_ in Don Juan Manuel's _El Conde Lucanor_ (_c._ 1535).
Shakespeare's _The Taming of the Shrew_ was written exactly a century after _Ines Pereira_; the anonymous _Taming of a Shrew_ in 1594.
[145] The author of a sixteenth century Spanish play published in _Bibliof. Esp._ t. 6 (1870) declares that, in order to write it, he has 'trastornado todo _Amadis_ y la _Demanda del Sancto Grial_ de pe a pa.'
The result, according to the colophon, is 'un deleitoso jardin de hermosas y olientes flores,' a description which would better suit a Vicente-play.
[146] Cf. the twelfth century _Representation d'Adam_. The _Sumario_ has 18 figures. The _Auto da Feira_ has 22, but over half of these consist of a group of peasants from the hills.
[147] _Obras_ (1908), t. 2, p. 217-24.
[148] The anonymous _Tragicomedia Alegorica del Paraiso y del Inferno_ (Burgos, 1539) followed hard upon his death. It is not the work of Vicente, who, although in his Spanish he used _allen_, would not have translated _nas partes de alem_ into an African town: _en Allen_.
[149] _3a impr._ (Madrid, 1733), p. 35; p. 37 (the 1733 text has _Oi_ and _Ai_); p. 39.
[150] As late as 1870 Dr Theophilo Braga could say 'n.o.body now studies Vicente' (_Vida de Gil Vicente_, p. 59).
COPILACAM DE TODALAS OBRAS DE GIL VICENTE, A QVAL SE reparte em cinco Liuros. O Primeyro he de todas suas cousas de deuacam. O segundo as Comedias. O terceyro as Tragicomedias. No quarto as Farsas.
No quinto, as obras meudas.
--Vam emmendadas polo Sancto Officio, como se manda no Cathalogo deste Regno.
--Foy impresso em a muy n.o.bre & sempre leal Cidade de Lixboa, por Andres Lobato.
Anno de M. D. Lx.x.xyj
--Foy visto polos Deputados da Sancta Inquisicam
COM PRIVILEGIO REAL.
--E la taxado em papel a reis
t.i.tLE-PAGE OF THE SECOND (1586) EDITION OF GIL VICENTE'S WORKS
AUTO DA ALMA
L'Angel di Dio mi prese e quel d' Inferno Gridava: O tu dal Ciel, perche mi privi?
DANTE, _Purg._ v.
_Auto da Alma._
Este auto presente foy feyto aa muyto deuota raynha dona Lianor & representado ao muyto poderoso & n.o.bre Rey dom Emmanuel, seu yrmo, por seu mandado, na cidade de Lisboa nos pacos da ribeyra em a noyte de endoencas. Era do Senhor de M. D. & viij[151].
Argvmento.
a.s.si como foy cousa muyto necessaria auer nos caminhos estalagens pera repouso & refeycam dos cansados caminhantes, a.s.si foy cousa conveniente que nesta caminhante vida ouuesse hua estalajadeyra para refeico & descanso das almas que vam caminhantes pera a eterna morada[152] de Deos. Esta estalajadeyra das almas he a madre sancta ygreja, a mesa he o altar, os mjares as insignias da payx. E desta perfigurac[153] trata a obra seguinte.
-- Esta posta hua mesa c hua cadeyra: v~e a madre sancta ygreja c seus quatro doctores, Sancto Thomas, Sam Hieronymo, Sancto Ambrosio, Sancto Agostinho, & diz Agostinho.
1 AGOST. Necessario foy, amigos, que nesta triste carreyra desta vida pera os mui perigosos perigos dos immigos ouuesse algua maneyra de guarida.
2 Porque a humana transitoria natureza vay cansada em varias calmas nesta carreyra da gloria meritoria foi necessario pensada pera as almas.
-- Pousada com mantimentos, mesa posta em clara luz, sempre esperando, com dobrados mantimentos dos tormentos que o filho de Deos na Cruz comprou penando.
4 Sua morte foy auenca, dando, por darnos parayso, a sua vida aprecada sem detenca, por sentenca julgada a paga em prouiso & recebida.
-- Ha sua mortal empresa foy sancta estalajadeyra ygreja madre consolar aa sua despesa nesta mesa qualquer alma caminheyra com ho padre 6 e o anjo custodio ayo.
Alma que lhe he encomendada se enfraquece & lhe vay tomando rayo de desmayo se chegando a esta pousada se guarece.
-- V~e o anjo custodio c a alma & diz.
7 ANJO. -- Alma humana formada de nenhua cousa feyta muy preciosa, de corrupcam separada, & esmaltada naquella fragoa perfeyta gloriosa; -- planta neste valle posta pera dar celestes flores olorosas & pera serdes tresposta em a alta costa onde se criam primores mais que rosas; 9 planta soes & caminheyra, que ainda que estais vos his donde viestes; vossa patria verdadeyra he ser herdeyra da gloria que conseguis, anday prestes.
-- Alma bemauenturada, dos anjos tanto querida, nam durmais, hum punto nam esteis parada, que a jornada muyto em breue he fenecida se atentais.
11 ALMA. Anjo que soes minha guarda Olhay por minha fraqueza terreal: de toda a parte aja resguarda que nam arda a minha preciosa riqueza princ.i.p.al.
-- Cercayme sempre oo redor porque vin muy temerosa da contenda: Oo precioso defensor, meu favor, vossa espada lumiosa me defenda.
-- Tende sempre mo em mim porque ey medo de empecar & de cayr.
ANJO. Pera isso sam & a isso vim mas em fim c.u.mpreuos de me ajudar a resistir.
14 Nam vos occupem vaydades, riquezas nem seus debates, olhay por vos: que pompas, honrras, herdades, & vaydades sam embates & combates pera vos.
-- Vosso liure aluidrio, isento, forro, poderoso, vos he dado pollo diuinal poderio & senhorio, que possais fazer glorioso vosso estado.
16 Deuvos liure entendimento & vontade libertada & a memoria, que tenhais em vosso tento fundamento que soes por elle criada pera a gloria.
-- E vendo Deos que o metal, em que vos pos a estilar pera merecer, que era muyto fraco & mortal, & por tal me manda a vos ajudar & defender.
18 Andemos a estrada nossa, olhay nam torneis a tras que o ~imigo aa vossa vida gloriosa pora grosa.
Nam creaes a Satanas, vosso perigo.
-- Continuay ter cuydado na fim de vossa jornada & a memoria que o spirito atalayado do peccado caminha sem temer nada pera a gloria.
20 e nos lacos infernaes & nas redes de tristura tenebrosas da carreyra que pa.s.saes nam cayaes: sigua vossa fermosura as gloriosas.
-- Adiantase o Anjo e vem o diabo a ella e diz o diabo.
-- Tam depressa, oo delicada alua pomba, pera onde his?
quem vos engana, & vos leua tam cansada por estrada que soomente nam sentis se soes humana?
22 Nam cureis de vos matar que ainda estais em idade de crecer.
Tempo hahi pera folgar & caminhar, Viuey aa vossa vontade & a avey prazer.
-- Gozay, gozay dos b~es da terra, procuray por senhorios & aueres.
Qu~e da vida vos desterra aa triste serra?
quem vos falla em desuarios por prazeres?
24 Esta vida he descanso doce & manso, nam cureis doutro parayso: quem vos pe em vosso siso outro remanso?
25 ALMA. -- Nam me detenhaes aqui, Deyxayme yr, ~q em al me fundo.
DIABO. Oo descansay neste mundo, que todos fazem a.s.si.
26 Nam sam em balde os aueres, Nam sam em balde os deleytes & farturas*, nam sam de balde os prazeres & comeres, tudo sam puros affeytes das creaturas: 27 pera os hom~es se criaro.
Dae folga a vossa possagem doje a mais, descansay, pois descansaro os que pa.s.saram por esta mesma romagem que leuais.